quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Estudantes de Serviço Social deflagram greve: falta até água em campus da UFVJM



Os estudantes do curso de Serviço Social do campus avançado Mucuri da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri – UFVJM, em Teófilo Otoni (MG), estão em greve desde a quinta-feira (17/9), em protesto contra a falta de professores e técnicos, além da péssima infra-estrutura da instituição.

De acordo com o vice-presidente do Centro Acadêmico – CA, Fabiano Ferreira de Souza, os estudantes têm enfrentado toda a sorte de problemas para conseguirem estudar, agravados no último mês, com a transferência das aulas para o campus próprio da universidade, ainda em obras.

Até o final de agosto, as aulas funcionavam em um campus provisório, e os alunos enfrentavam problemas pertinentes à fase transitória, como espaço insuficiente e inadequado. A falta de professores também sempre foi constante. “Estamos devendo várias disciplinas que não foram oferecidas no período em que estavam previstas por falta de docentes”, afirma Fabiano.

Segundo ele, os estudantes da sua turma, o 6º período, não estão cursando Estatística por falta de professor. Já a disciplina de Psicologia, que deveria ter sido oferecida no 3º período, está sendo ofertada agora, para várias turmas ao mesmo tempo. “São 60 estudantes de níveis diferentes na mesma sala de aula”, acrescenta.

Ainda conforme o estudante, a instituição abriu concurso público para 80 vagas de docentes, distribuídos pelos cinco cursos regulares do campus. Entretanto, as contratações não foram efetivadas no prazo estipulado.  E mesmo que todos eles sejam admitidos, o número ainda será insuficiente. “Ficaremos com uma média de 18 alunos por professor, o que consideramos muito alta”, acrescenta.

Transferência de campus
 

Com a transferência para o novo espaço, os problemas se agravaram ainda mais. Como o acesso ao campus é muito precário, feito por uma estrada de terra, muitos estudantes sequer conseguem chegar ao local. “A poeira é muita e tem afetado as pessoas com doenças respiratórias. Quando chove ou a administração molha a pista para diminuir o pó, os ônibus deslizam e não sobem até o campus”, explica o vice-presidente.

Quem consegue chegar à sala de aula enfrenta outros problemas. Não há restaurante universitário. Nem uma cantina terceirizada. Falta até mesmo água potável e para uso geral. “Em reunião conosco na segunda-feira (21/9), o reitor prometeu mandar instalar bebedouros com urgência e disse que já licitou a construção de uma caixa d’água”, acrescenta o vice-presidente do CA.

As obras de expansão dos cinco cursos regulares do campus de Teófilo Otoni (Serviço Social, Administração, Ciências Econômicas, Ciências Contábeis e Matemática) estão orçadas em R$ 16 milhões e não fazem parte do Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais – REUNI. Entretanto, há um curso no mesmo campus, o de Bacharelado em Ciência e Tecnologia, que receberá R$ 6 milhões deste programa.

Fonte: ANDES-SN

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Estudantes que fazem História



O Auge do movimento estudantil se deu em fins da década de 60 e início dos anos 70, quando uma geração de jovens se levantaram contra o regime militar. Os estudantes foram à rua e conseguiram estremecer as bases do regime autoritário. Neste período o movimento era dotado de um aspecto revolucionário, combatente da ordem legal, desprovido das ilusões políticas. Através das mobilizações e reivindicações constantes os estudantes lutaram pela democratização do país incluindo a democratização das universidades federais. Reivindicaram que 1/3 dos conselhos universitários fossem compostos por estudantes, hoje 1/10 dos conselhos são representados por discentes, cuja participação é indispensável para defender nossos interesses. Esse espaço importante conquistado pelos estudantes só foi alcançado através do mecanismo de greve que alastrou pelo país, paralisando boa parte das universidades federais.


Os estudantes de Minas Gerais foram os protagonistas desse processo de mobilização social e de massa. “O movimento estudantil é o produto social e a expressão política das tensões latentes e difusas na sociedade. Sua ação histórica e sociológica tem sido a de absorver e radicalizar tais tensões. Sua grande capacidade de organização e arregimentação foi capaz de colocar cem mil pessoas na rua, quando da passeata dos cem mil, em 1968 (...). Em setembro de 1980, mobiliza cerca de um milhão de estudantes, numa greve geral de três dias, exigindo a anistia (ampla, geral e irrestrita) dos exilados e presos políticos, e em 1981, 400 mil estudantes realizam greve nacional diante da recusa do então Ministério da Educação e Cultura (MEC), em atender as reivindicações propostas pelos estudantes. A consciência dos direitos individuais vem acompanhada da certeza de que esses somente se conquistam numa perspectiva social e solidária” (disponível em: http://www.cce.udesc.br/cab/oqueeomovimentoestudantil.htm). Nesse sentido se faz necessário tomarmos a consciência da necessidade de organizar, em caráter permanente e nacional, a atuação política dos jovens brasileiros, para unificarmos novamente os anseios da população, que infelizmente se perdeu quando o movimento estudantil adotou o aspecto reformista ao se unir com partidos políticos. Nós Estudantes da UFVJM em consonância com os estudantes da UFMG, UFRJ, USP e com a Associação Nacional dos Estudantes Livres estamos tentando instaurar um movimento estudantil autônomo, não filiado a partidos políticos, cujo principal objetivo é a mobilização de todos os discentes para construção de uma universidade de qualidade, um verdadeiro centro de excelência, através de intensos protestos e reivindicações.


Não podemos permitir que essa identidade estudantil construída no Brasil se perca ainda mais. O estudante tem força, é preciso, portanto, usa-lá, pois juntamente com os demais movimentos sociais temos a função de juntos lutarmos por uma sociedade justa. Os estudantes escreveram parte da história do Brasil e se faz hora de voltarmos a escrever.



Comissão de movimentação estudantil